Para quem gosta de animação e quadrinhos Tekkonkinkreet é prato cheio. Baseada na HQ de Taiyo Matsumoto – conhecida aqui como Preto e Branco – e dirigida pelo norte-americano Michael Arias, a animação é uma das belas e legais vindas do Japão que vi desde Akira. A aproximação com a obra de Katsushiro Otomo é inevitável. Não só pela forte ambientação urbana e violência, como pela qualidade técnica.
Dois garotos órfãos, Branco e Preto, sobrevivem na Cidade do Tesouro através de pequenos furtos. A paz e relativo domínio territorial, que divide com a Yakuza e outras tribos, sofre abalo quando chega na cidade uma corporação com planos de transformar a cidade em um imenso parque de diversões.
A força dos personagens reside no seu caratér complementar – representado na personificação do arquétipo do Ying e Yang. A separação dos dois é necessária para os acontecimentos, mas o desequilibrio provocado é uma poderosa força destruidora.
A cidade em riqueza de detalhes é um personagem essencial para a trama. Seu caráter transitório e violento molda os habitantes e fazem deles seu reflexo mais profundo.
As referências ao mundo urbano japonês demonstra o caráter híbrido daquela cultura – a hipermodernidade pulsante e desenfreada aliada à mitologia oriental – e salta aos olhos no cuidado visual do filme. O subtexto audiovisual é tão importante para a narrativa quanto a trama, é fácil ficar perdido no labirinto sensorial do anime.
Infelizmente só tive acesso pela internet. A pobreza das salas de cinema e a obviedade do acervo das locadoras impedem que Tekkonkinkreet possa ser fruido como deveria. O cuidado visual é de tal monta que só uma sala de cinema digital ou um bluray daria conta do recado. Mas fica a dica – em algum lugar desse post deixo um linque em qualidade mediana, é possível ainda achar em torrent em alta qualidade – para quem se interessar.