Ok Computer é o último disco de rock. Último porque aquém dele há o britpop e os estilhaços de pólvora e miolos de Cobain da década grunge. Para além há o post-rock. Tom Yorke e sua trupe, com o disco, enche de desesepero fin-de-siécle a música pop, deixando para trás o conformismo neoliberal da cena britânica. Além disso, quase presta-se ao papel messiânico que a indústria fonográfica esperava após a morte de Cobain. Quase. Kid A e Amnesiac é a recusa ao posto oferecido pelo stabelishment. Enquanto Ok Computer é aquele passo além ao pop-rock reinante, insinuando-se ao trono, os dois discos seguintes – lançados quase simultaneamente – são a recusa em tom de escárnio a ele. Uma recusa artística e política. Kid A é dispersão de ego de Yorke e Amnesiac é a confirmação [e radicalização] dela. A música pop é levada ao seus limites ao resvalar o experimentalismo, a música eletrônica e o jazz. E a voz de Yorke é ocultada. Não são mais canções feitas para estimular o corpo paranóico, caso do hard-rock e quetais. Nem para embalar hormônios. Ali se fala ao ser esquizóide. Rompe-se com toda a esperança de salvação [do rock, da política neoliberal, do messianismo pop dançante]. A inquietude é instalada como recusa. Radiohead se exime de ser a grande banda do fim do milênio e deixa o posto para quem quer. Apontando caminhos não só musicais, como comerciais – e In Rainbows está aí para provar.
Radiohead e a esquizofrenia pop
abril 22, 2009 por Eduardo Pinheiro
Publicado em Arte, Música, Política, Pop | Etiquetado amnesiac, ok computer, radiohead, rock | 1 Comentário
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caraio, agora lá vou eu ouvir com outros olhos.
ps. também tu, tatu!…